O MERCADO DE TRABALHO EM TEMPOS DE COVID-19
As informações do CAGED são fornecidas pelos empregadores e expõem o movimento que ocorre dentro do mercado de trabalho sem levar em conta o desemprego, ou seja, analisando apenas as admissões e desligamentos ocorridos em determinado período de tempo. O CAGED dispõe de informações para todos os municípios do Brasil, fazendo com que seja possível uma análise pormenorizada nesta unidade. Ele é uma das únicas métricas para municípios, sendo portanto muito útil e necessário para pensar nesta esfera geográfica.
O indicador que será analisado neste texto é o Saldo de Empregos, em âmbito nacional, para o estado do Rio Grande do Sul e para os municípios que têm campi da Unipampa. O saldo de empregos é medido pelo número de admitidos menos o número de demitidos e não leva em conta as demissões de forma bruta, e sim líquida: descontadas as admissões.
A tabela 1 indica que desde março o saldo mudou brutalmente de uma situação positiva para uma situação negativa. Janeiro apresentava um saldo positivo de 115 mil (ou seja 115 mil admissões a mais do que as demissões ocorridas), chegando a Abril com um saldo de -904 mil (ou seja 904 mil demissões a mais que as admissões ocorridas. O saldo negativo arrefece um pouco no mês de maio, mas ainda assim são 331 mil demissões para além das admissões do período.
Tabela 1- Saldo de empregos no Brasil em 2020 - Meses Selecionados
Mês | Janeiro | Fevereiro | Março | Abril | Maio |
Saldo | 115.198 | 227.352 | -252.683 | -904.841 | -331.901 |
Fonte: Esocial, 2020
Nota-se que o pior mês foi Abril, quando quase 1 milhão de postos de trabalho foram extintos. Desde Março, já forma extintos no Brasil 1,4 milhões de emprego. Os setores que mais desligaram trabalhadores foram: Serviços (143 mil empregos perdidos), seguidos da Indústria (-96 mil empregos) e do Comércio (-88 mil empregos). No mês de maio, os trabalhadores demitidos eram mais frequentemente da faixa de 30 a 39 anos (93 mil indivíduos), seguidos daqueles entre 50 e 64 anos (72 mil pessoas), tinham escolaridade de nível médio completa (176 mil pessoas). Essas características são usuais no mercado de trabalho brasileiro como um todo, em que a maioria da população empregada está nesta faixa etária e apresenta essa escolaridade. Dentre as regiões, em Maio de 2020, o Sudeste foi o que apresentou a maior redução, na ordem de -180 mil postos de trabalho. Em seguida a região Sul, com -78 mil postos de trabalho.
Tabela 2- Saldo de empregos no Rio Grande do Sul em 2020- Meses Selecionados
Mês | Janeiro | Fevereiro | Março | Abril | Maio |
Saldo | 13.176 | 23.374 | -14.189 | -76.815 | -32.106 |
Fonte: Esocial, 2020
Tabela 3- Saldo de empregos no Rio Grande do Sul em 2020- Meses Selecionados
Mês | Janeiro | Fevereiro | Março | Abril | Maio |
Alegrete | -37 | 42 | 106 | -197 | -106 |
Bagé | -73 | -109 | 54 | -240 | -220 |
Caçapava do Sul | -27 | 41 | -5 | -157 | -213 |
Dom Pedrito | -15 | 85 | 164 | -135 | -184 |
Itaqui | 139 | 155 | 33 | -138 | -181 |
Jaguarão | 22 | 16 | -5 | -72 | -38 |
Santana do Livramento | 103 | 45 | -213 | -302 | -117 |
São Borja | 186 | 125 | 85 | -181 | -270 |
São Gabriel | 7 | 58 | 25 | -55 | -61 |
Uruguaiana | -17 | 56 | 75 | -311 | -236 |
Fonte: Esocial, 2020
Para Alegrete, em Maio, o setor industrial foi o que mais apresentou perda de postos de trabalho (-37), sendo a maioria com Ensino médio completo (45 pessoas) e entre 30 e 39 anos (32 pessoas). Em Bagé, foi o Comércio o mais afetado em maio, com a perda de 96 empregos. A maioria dos trabalhadores desligados em Bagé tinha Ensino médio completo (110 pessoas) e estava na faixa entre 18 e 24 anos (61 pessoas).
Em Maio, Caçapava do Sul apresentou 178 desligamentos no setor de serviços. Os trabalhadores tinham superior completo (79 pessoas) e incompleto (também 79), e a idade foi entre 18 e 24 anos (75 pessoas) e entre 25 e 29 anos (76 pessoas). Em Dom Pedrito, a maioria dos trabalhadores desligados (81 pessoas) era da Indústria, o mesmo ocorrendo para Itaqui (129 pessoas). Em Dom Pedrito, a maioria dos trabalhadores desligados tinha ensino médio completo (90 indivíduos), e idade entre 18 e 24 anos (45 pessoas) ou entre 30 e 39 anos (também 45 pessoas). Já em Itaqui, a maioria dos trabalhadores tinha ensino médio completo (61 pessoas) e entre 30 e 39 anos (51 pessoas).
Em Jaguarão, os trabalhadores eram do Comércio (16 vínculos) e da Agropecuária (15 pessoas). A maioria dos trabalhadores tinha ensino médio completo (20 vínculos) e entre 30 e 39 anos (16 pessoas). Santana do Livramento apresentou uma redução maior nos serviços (73 vínculos), com 20 pessoas com ensino médio completo, a maioria da faixa entre 30 e 39 anos (16 vínculos). Em Uruguaiana, foi o setor de serviços que mais fechou postos de trabalho (111 vínculos), a maioria com ensino médio completo (164 pessoas) e com idade entre 30 e 39 anos (65 pessoas) e entre 50 e 64 anos (58 pessoas). Em São Gabriel houve uma redução de 45 postos de trabalho no Comércio. A maioria dos servidores desligados tinha nível fundamental incompleto (29 pessoas) e idade entre 30 e 39 anos (27 pessoas).
São Borja teve uma redução maior na Indústria, em que 130 trabalhadores perderam seus empregos, a maioria com ensino médio completo (126 pessoas), e idade entre 18 e 24 anos (76 pessoas).
Nota-se que há uma heterogeneidade bastante grande entre as cidades em que há a universidade, no entanto, o cenário neste momento é bastante pessimista uma vez que o número de postos de trabalho perdidos é expressivo e pode ser um indicativo do fechamento de empresas, em especial do setor de comércio e serviços.
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